Revista Novo Perfil Política

domingo, 14 de julho de 2013

  O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, divulgou, nesta terça-feira (9), a lista dos municípios que terão prioridade no programa Mais Médicos, do Governo Federal. Na Paraíba, serão 107 cidades classificadas como de maior vulnerabilidade social e com falta de médicos. Serão 1.042 municípios priorizados para receber investimentos em infraestrutura e profissionais, na região Nordeste.


Para selecionar e levar os profissionais a essas regiões carentes, o Governo Federal lançou ontem três editais: um para atração de médicos; outro para adesão dos municípios que desejam admití-los; e um último para selecionar as instituições supervisoras.

Será aceita a participação de médicos formados no Brasil, que terão prioridade no preenchimento das vagas e também a de graduados em outros países, com preferência para brasileiros. Os estrangeiros só ocuparão as vagas remanescentes após a escolha destes dois grupos.

De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, levar os médicos para as periferias e regiões do interior pode resolver até 80% dos problemas de saúde da população, mesmo que ainda haja deficiências na infraestrutura das unidades de saúde desses locais.

“Temos que acabar com essa visão de que saúde só se faz dentro de hospital. A atenção básica com qualidade, com médico bem preparado para acompanhar o paciente resolve 80% dos problemas de saúde da população. Isso é importante para reduzir a lotação dos hospitais regionais. O sistema que estácentrado no hospital é um sistema doente. Com os médicos presentes no interior, eles podem dar apoio a centros de especialidades, trabalhar através da telemedicina e dar suporte aos hospitais de referência”, explicou.

Seguro da legalidade

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que o governo federal está “muito seguro” da validade jurídica do Programa Mais Médicos. Ele rebateu críticas feitas por entidades médicas, entre elas a relativa à criação do segundo ciclo do curso de medicina, medida que condiciona o recebimento do diploma à atuação, por dois anos, de alunos que entrarem nesse curso a partir de 2015, no Sistema Único de Saúde (SUS).

As entidades de classe avaliam que essa mudança é uma exploração do profissional de saúde.
“Não só o Ministério da Saúde, a AGU [Advocacia-geral da União], a Casa Civil e todos os ministérios envolvidos estão muito seguros da constitucionalidade das medidas. Agora, o momento é o do debate no Congresso [Nacional]”, disse o ministro Alexandre Padilha.

Estrangeiros não serão concorrentes

Brasília (ABr) – A decisão do governo de autorizar a vinda de médicos estrangeiros sem a aprovação no Exame Nacional de Revalidação de Diplomas (Revalida), no âmbito do Programa Mais Médicos, é para evitar que esses profissionais disputem mercado com os médicos brasileiros, disse ontem o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Segundo ele, no entanto, todos os profissionais serão avaliados e atestados por universidades públicas, que são as mesmas instituições com atribuição e competência, definidas pela Lei.

“Caso as universidades façam a validação do diploma nesse programa, esses profissionais vão poder trabalhar onde quiserem e disputar mercado com os médicos brasileiros. O Ministério da Saúde e o da Educação não querem tirar emprego dos médicos brasileiros. Queremos trazer médicos de fora do país apenas se as vagas não forem preenchidas e com autorização exclusiva para atuar na periferia das grandes cidades e em municípios do interior”, disse.

Longa espera e reclamações

O programa Correio Debate, que vai ao ar todos os dias a partir do meio-dia pela 98 FM, foi dedicado ontem a um tema especial: a qualidade dos serviços de saúde de João Pessoa, disponibilizados pelas redes pública e privada.

Os repórteres Éclinton Monteiro, Mislene Santos, Henrique Lima, Adriana Bezerra e Albemar Santos se passaram por pacientes em cinco grandes unidades de saúde em funcionamento na Capital: os hospitais públicos do Valentina e Edson Ramalho, e os hospitais privados Samaritano e Memorial São Francisco, além da Unidade de Pronto Atendimento Oceania, em Manaíra.

E o resultado não poderia ser mais previsível: horas de espera em filas quilométricas, acotovelando-se com pacientes dos mais diferentes níveis de complexidade.

Nos hospitais privados, Henrique Lima e Éclinton Monteiro conseguiram ser atendidos com espera média de uma hora. Mesmo lá, porém, testemunharam que o caos na saúde também não poupa quem paga – e muito caro – por planos privados.

No Samaritano, por exemplo, Monteiro se deparou com um cidadão (cujo nome é preservado) que se queixava de fortes dores abdominais. Mas, a despeito de seus apelos, só conseguiu ser medicado três horas depois de dar entrada no hospital.

No Hospital do Valentina, o repórter Albemar Santos – que de fato passou mal durante a repórter, com hipertensão – foi atendido e medicado três horas e meia depois de chegar a unidade de saúde.

Em todos os estabelecimentos, a triagem para identificar os níveis de gravidade é confusa. No Edson Ramalho, por exemplo, a repórter Adriana Bezerra testemunhou porteiros e maqueiros interferindo no processo de encaminhamento dos pacientes. Ela passou 1 hora e 25 minutos em uma fila para a triagem, feita por uma única enfermeira que, ao atendê-la, se queixava de sede e cansaço.

Funcionários do hospital informaram, pedindo sigilo de identidade, que o gargalo na triagem é proposital: como o hospital só tem dois médicos para atender média diária de 300 pacientes, um encaminhamento célere só traria mais caos aos corredores internos do hospital.

Os dirigentes dos hospitais alegam que boa parte da demanda é provocada por paciente com necessidades de atendimentos ambulatoriais – e que deveriam ter procurado os serviços básicos (PSF’s) dos bairros.

A iniciativa do Correio Debate coincide com o lançamento de pacote para melhor a saúde do País, baixado pela presidenta Dilma Rousseff, que inclui importação de médicos estrangeiros, abertura de onze mil vagas nas faculdades de medicina e ampliação do curso – que passa a ser de oito anos, com os dois últimos períodos dedicados a serviços no Sistema Único de Saúde.

O diretor de radiojornalismo Fabiano Gomes disse que esta foi a primeira de uma série de reportagens que a equipe do Correio Debate desenvolveu, de forma coordenada, para testar a qualidade dos serviços públicos.

“Fazemos um jornalismo cidadão e esta é uma das muitas contribuições que podemos dar a sociedade, dando visibilidade aos problemas que nos afligem”, disse Gomes.

O coordenador da equipe, Eduardo Carneiro, faz coro: “Vamos continuar a nos debruçar sobre todos os vespeiros que incomodam o cidadão, nos aguarde”.

Os repórteres também avaliaram a experiência: “É muito positivo amplificar as queixas dos cidadãos”, disse Albemar Santos.

“São problemas velhos conhecidos de todos, mas que ganham novos contornos quando amplificados pela mídia – e não seria esse o nosso papel, dar visibilidade aos problemas do dia a dia da população?”, encerra Écliton Monteiro.


Confira relação:


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Fonte: Correio da Paraíba via Senso Critico


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